SASTRE NO J.P. MORGAN INVESTMENT FORUM
O EVENTO
Organizado pela unidade de Asset Management do J.P. Morgan (com USD 2 trilhões sob gestão na América Latina – apenas para comparar, o mercado de Asset Management no Brasil tem um pouco mais de USD 1 tri);
Nove países estavam representados, sendo a delegação do Brasil a mais numerosa, com representantes de Bancos (Itaú, Bradesco, BB, Safra…), Fundos de Pensão Públicos e Privados, Empresas de investimento e Alocadores (Ágora, XP, Triar, Sastre…). Foi o 4º ano consecutivo do evento, porém pela primeira vez num formato diferente, mais amplo, que reuniu o público de alocadores com o público institucional.
Organização impecável, desde a preparação no Brasil, com “site” dedicado para os participantes se registrarem, traslados (sms do motorista na chegada), hospedagem, preocupação em manter os participantes reunidos no local do evento desde o café da manhã, break, almoço, e atividade offsite no segundo dia. Hoje, como prometido, recebi o e-mail de agradecimento com todas as apresentações.
Muito esforço de organização, time do J.P. Morgan Brasil completo (5 pessoas) mais equipe própria de Marketing coordenando o evento, palestrantes e prestadores de serviço.
O público (aprox. 80 pessoas) foi dividido em mesas, privilegiando agrupamento por países e sempre contando com pelo menos um representante do J.P. Morgan em cada mesa.
IPads foram disponibilizados para cada um dos participantes, com a agenda, conteúdo de todas as apresentações, currículo dos palestrantes e um espaço para interação/votação em algumas sessões.
A maioria dos palestrantes era do próprio asset do J.P. Morgan, com foco em produtos e mercados. Alguns painéis foram mais informais “Keynote” com entrevistado/palestrante Sr. do próprio JPMorgan (Labe Jacksonm Board Member do JPMorgan Chase &CO) e Jamie Dimon, Chairman and CEO do JPMorgan Chase & Co. ou convidado externo (Guga Chacra -Globonews).
Para a Sastre: muito importante e relevante termos sido convidados (mérito 100% do JH), pois de alguma forma nos colocou num grupo seleto e privilegiado. Também sob o aspecto de imagem, ajudou muito a divulgação da Sastre para os representantes do mercado local. Sob o aspecto informacional/conteúdo, é sempre muito rica a oportunidade de ouvir e perceber o “body language” de NY e principalmente de uma casa como o J.P. Morgan, que “é o mercado americano”.
Ficamos impressionados como a cultura corporativa americana no J.P. Morgan é forte e claramente é um dos valores mais enaltecidos por todos os palestrantes, desde os gestores jovens que fazem questão de dizer que estão no J.P. Morgan há XYZ anos, até o sênior management da empresa, que vê nas pessoas o maior valor da instituição.
Algumas observações do CEO Jamie Dimon:
- Criptomoedas são esquemas, pois são replicáveis e não tem garantia fiduciária;
- Brexit é um erro que vai levar dois anos para ser corrigido;
- Maior risco para o JPM é o potencial ataque cibernético: Dos USD 9bn investidos anualmente em tecnologia, 750mm são para “cyber security”;
- Sobre pessoas: “Most people like to admire the problems, but you need someone to fix them!”
Curiosidade: o evento ocorreu no 50º andar do headquarters do J.P. Morgan Chase & Co., no famoso endereço 270 Park Avenue. Além de uma vista privilegiada da ilha de Manhattan, o 50º andar abriga algumas salas para conferências e guarda parte da história de mais de 100 anos do J.P. Morgan, como algumas das primeiras notas da moeda americana, obras de arte e mobiliário do banco no início de suas atividades. Este belo edifício será completamente demolido no próximo ano e no seu lugar será erguida uma nova torre, de 70 andares, mais moderna e com maior capacidade de absorver o crescimento do J.P. Morgan num único endereço em NY. Serão gastos USD 4 bilhões no projeto.
O MERCADO – VISÃO DO J.P. Morgan
Logo na primeira sessão, foi discutida a questão de técnicas e tendências de gestão Ativa x gestão Passiva. Nos EUA, é crescente a utilização de ETF’s como instrumento eficaz de gestão passiva, pelo baixo custo, liquidez e facilidade de replicar índices de mercado. Não há como frear a tendência de crescimento dos ETFs. O JPMorgan ainda acredita que haverá espaço para as duas técnicas de gestão e algo “in between” as duas técnicas, porém recomendam sempre, em qualquer mandato de gestão: visão de longo prazo, rebalanceamento e disciplina.
Na sequência, os estrategistas globais nos trouxeram uma importante visão sobre o mercado:
Economia global está ok, distante de riscos de recessão. Economia US: vai desacelerar, vive hoje um ciclo longo de crescimento estimulado nos últimos anos pelo lado fiscal, que gera um efeito similar ao “sugar high” em crianças que passará logo. Acomodação foi um termo mais utilizado do que desaceleração. Não há pressão inflacionária, desemprego ainda muito baixo (3,7% em Set/18) e não há aumento de salários, onde podemos concluir que as empresas não estão dividindo seus lucros ou reduzindo margens. O ambiente foi muito bom até aqui para as empresas e acionistas. Mas vai haver uma acomodação, que é evidenciada por alguns indicadores (alguns técnicos outros de atividade), como o fato do número de trabalhadores jovens não crescer, pelo movimento de aumento de juros já iniciado pelo FED – JPMorgan acredita em mais três altas até Junho, de 25bps cada – e suas consequências no mercado de renda fixa e crédito, pelo déficit comercial (mais importações que exportações) que no longo prazo fazem o USD perder força e, pelo fato dos múltiplos de valuations (17x P/E) do mercado de ações parecer insustentável no longo prazo.
Dicas:
- “Invest in equity markets around the world”, há mercados descontados com relação ao S&P, “rest of the world will do better than US in the next 12 months”.
- Multi-Assets Solutions: Cada vez mais presente e necessária diversificação em ativos que fogem à alocação tradicional, tipicamente 60% Equity/40% Bonds, pois a estimativa para os próximos 10 anos é de retornos menores que os observados no passado. Investidores vão buscar mais ativos que geram renda (yield), mais risco de mercado e ativos com outros tipos de risco.
- US Equities: setores que outperformaram o S&P recentemente são technology, consumer discretionary e healh care. Daqui pra frente, ter uma visão mais seletiva sobre setores que “ficaram para trás”.
- Global Fixed Income:
- Taxas de juros estão claramente subindo e pressionando spreads. USD 3m LIBOR hoje está em 2,4%, 1% acima se comparada a um ano atrás; USD 10yr yield subindo e pode chegar até o final do ano em 3,25-3,40%;
Neste ambiente, JPM acredita em diversificação global, ser mais flexível e dinâmico, além de se distanciar de um único benchmark.
Como riscos adicionais, JPMorgan vê um crescimento do mundo desenvolvido menos sincronizado e as eleições para o congresso americano com maior probabilidade para democratas com maioria na Câmara e republicanos mantendo maioria no Senado.
Ativos de Renda Fixa que o JPMorgan prefere hoje:
- Floating Rates, Short Duration securitized;
- Global High Yield: US HY com bons fundamentos e valuations atrativos; Europan HY com spreads melhores que US, podem ser boa oportunidade
- EM SovereingDebt: seletivamente, olhar país por país…EM Sovereings podem ser mais atrativos que DM Credit;
- EM Corps: yields maiores e duration menores que US, fundamentos melhores com empresas mais resilientes à choques externos, sempre que houver uma correção forte é uma oportunidade de compra;
- Não gostam de US Investment Grade pela assimetria de risco x retorno atual.
Alternative Investments:
- Hedge Funds: podem se beneficiar com ambiente de maior volatilidade e com taxas de juros em patamares mais elevados;
- Private Credit: diversificação de risco em setores com valuations comprimidos ainda (p ex: shipping);
- Real Estate: forma de obter proteção contra inflação em portfólios diversificados, ou “inflation linked yields”